sábado, 14 de junho de 2008

Estrutura dissertativa ( UNIDADE II- aula 4)

1.4 - Estrutura da dissertação

Organizadas as idéias e definida a linha de raciocínio, é hora de começar a estruturar a dissertação. Todo texto dissertativo é composto por introdução, desenvolvimento e conclusão, exigindo, no mínimo, três parágrafos.

*Na introdução, o autor expõe sua idéia, sua tese.

*No desenvolvimento, o autor apresenta os argumentos que defendem a sua tese.

*Na conclusão, o autor confirma a tese, baseando-se nos argumentos.

É importante fazer com que cada uma dessa partes se relacione com as outras, seja preparando-as ou retomando-as.

1.5 - A Introdução

Na introdução de uma dissertação, que normalmente é feita em apenas um parágrafo, o autor deve situar o leitor no assunto, expondo seu ponto de vista e delimitando as questões que serão abordadas.

É na introdução que se define o assunto específico que será discutido e provado no decorrer do texto. Uma opção é propor uma pergunta, cuja resposta será discutida no desenvolvimento e explicitada na conclusão.

1.6 - O Desenvolvimento

O desenvolvimento é o maior trecho da dissertação, podendo exigir dois ou mais parágrafos. É no desenvolvimento que o autor apresentará seus argumentos para defender sua tese. Há várias maneiras de se apresentar os argumentos num texto dissertativo. As mais comuns são:

- Enumeração;

- Apresentação de Causas e Conseqüências;

- Exemplificação;

- Confronto;

- Evolução no tempo ou espaço;

- Dados estatísticos;

- Citações;

1.7 - Enumeração

A técnica da enumeração consiste em detalhar vários aspectos da idéia principal, indicando características, funções, processos ou situações, sempre de forma a complementar a idéia exposta na introdução do texto.

1.8 - Apresentação de Causas e Conseqüências

Outra forma de desenvolvimento de textos dissertativos é a apresentação de fatos e situações.

Esses fatos e situações, relacionados à idéia principal da dissertação, deverão vir acompanhadas de suas causas ou possíveis conseqüências, de acordo com o objetivo do autor.

1.9 - Exemplificação

Um meio muito comum de argumentação é a exemplificação.

Nessa modalidade, o autor utiliza exemplos de outras situações e fatos que ilustram o seu ponto de vista de forma a defender a sua tese.

1.10 - Confronto ou comparação

No confronto, o autor compara seres, pessoas, objetos, situações, fatos ou idéias, de forma a enfatizar suas igualdades ou diferenças, de acordo com o objetivo da argumentação.

O contraste entre duas ou mais idéias pode ser determinante para se defender uma tese.

1.11 - Evolução no Tempo ou Espaço

Muito usada em dissertações é a evolução de idéias ordenadas no tempo ou no espaço.

A ordenação temporal é aquela onde vários acontecimentos ou processos são marcados pela época em que aconteceram, seja em séculos, décadas, anos, meses ou mesmo dias e horas.

Já a ordenação espacial diz respeito à localização geográfica nas quais os acontecimentos ocorreram.

1.12 - Dados Estatísticos

O uso de dados estatísticos confiáveis sempre é um trunfo na defesa de uma idéia, já que dá credibilidade dos argumentos. Mas é preciso verificar a validade, extensão e o contexto da apuração desses dados para que eles possam ser realmente confiáveis. Assim, é bom dar preferência a dados estatísticos produzidos por órgãos oficiais.

1.13 - Citações

Muitos autores citam, em seus textos, frases, trechos ou obras de escritores, intelectuais e políticos famosos. Isso é uma forma de influenciar o leitor buscando apoio para seus argumentos nessas personalidades ilustres e consagradas.

1.14 - A Conclusão

Depois de expor todos os argumentos, é preciso costurar todas as idéias no final do texto.

O objetivo da conclusão retomar a idéia principal de forma mais concisa e convincente, amarrando a tese (introdução) aos argumentos (desenvolvimento).

Há 3 formas de se concluir um texto dissertativo:

1) Fazendo uma síntese

2) Expondo uma solução

3) Criando uma surpresa

1.15 - Conclusão Síntese

Concluir com uma síntese é a forma mais comum de fechar um texto dissertativo.

A síntese resume todo o texto em apenas um parágrafo, uma constatação.

O principal desafio nesse tipo de conclusão é evitar simplesmente expor as mesmas idéias e os mesmos argumentos novamente, pois isso torna o texto repetitivo.

1.16 - Conclusão Solução

Muitas vezes o objetivo do texto dissertativo é conscientizar o leitor da existência de um problema e expor uma forma de combatê-lo.

Nesses casos, a conclusão deve mostrar o que deve ser feito ou indicar uma proposta de solução para o problema.

1.17 - Conclusão Surpresa

Menos comum, esse tipo de conclusão exige maior destreza e talento do autor.

Na conclusão surpresa, o autor deve fechar o texto com uma citação, um fato divertido ou original, uma piada, uma afirmação irônica, trocadilhos ou até mesmo um final poético.

O objetivo aqui é causar um impacto no leitor trazendo algo inesperado, de forma a deixá-lo surpreso.

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O Texto Dissertativo UNIDADE II – aula 3)

1.1 - O que é uma dissertação?

Nos concursos mais recentes, além da prova fechada, de múltipla escolha, também tem sido aplicado um tipo de teste que permite avaliar a capacidade do candidato de desenvolver um raciocínio coerente e coeso com o uso correto e preciso das palavras: a prova de redação.

Na maioria das vezes, a redação deverá ter o formato de dissertação. Mas... O que é uma dissertação?

A dissertação é um tipo de redação que tem por objetivo expressar uma opinião, um ponto de vista em relação a um determinado assunto através de argumentos, que podem se apoiar em dados, fatos ou idéias.

O objetivo desse pequeno curso é expor a estrutura do texto dissertativo de forma simples, clara, rápida e objetiva, capacitando qualquer pessoa a fazer uma boa dissertação.

1.2 - Como planejar uma dissertação

Em primeiro lugar, é preciso analisar o tema dado e levantar idéias sobre o assunto.

Na maioria das vezes, o tema é amplo e pode dar margem a vários desdobramentos.

Não perca tempo com pensamentos do tipo: "estou sem inspiração".

Anote todas as idéias relacionadas ao tema que lhe vierem à cabeça. Essas anotações o ajudarão a definir a linha de raciocínio a ser seguida na dissertação.

Uma dica para quem está se preparando e quer fazer boas dissertações é ler muitas revistas, jornais, artigos, livros etc. Quanto mais material você tiver na cabeça, mais idéias conseguirá encontrar.

Depois de catalogar várias idéias relacionadas ao tema, é hora de começar a organizá-las.
Num texto dissertativo é importante identificar as idéias que refletem problemas, aquelas que podem ser suas causas e também as possíveis soluções.
Assim, tente agrupar esses problemas com suas causas e soluções em temas menores,mais específicos.
Com as idéias organizadas, é hora de escolher sobre qual tema específico será a dissertação.

1.3 - A escolha do tema da dissertação

A regra geral é que quanto melhor você conhecer do assunto, mais fácil será falar sobre ele.
Assim, dentre as idéias e temas anotados, escolha aquele com o qual você se sente mais à vontade, mais familiarizado.
Normalmente esse tema será também aquele sobre o qual você tem mais anotações.

Com o subtema escolhido, defina a linha de raciocínio da dissertação.

Que idéia irá defender?

Quais argumentos serão usados para defender essa idéia?

A qual conclusão você deseja chegar?

Essas são as 3 perguntas chaves que você deve se fazer (e responder) antes de começar a redigir o seu texto. Antes de continuar, confira se a linha de raciocínio escolhida não foge do tema principal.

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Descrição Sensorial (UNIDADE II – aula 2)

Para enriquecer os textos descritivos, é interessante fazer o que chamamos de descrição sensorial, que nada mais é do que usar as palavras para provocar sensações.

Esse recurso, também chamado de descrição sinestésica, tem o efeito de criar uma relação mais profunda com o leitor, já que além da visão, explora também os demais sentidos como a audição, paladar, olfato e tato.

Sensações Visuais

O uso de sensações visuais é o mais comum, e normalmente se relacionam à cor, forma ou tamanho do objeto da descrição:

Ex: O telefone é vermelho, em forma de concha, e bem pequeno, pouco maior do que sua orelha.

Sensações Auditivas

As sensações auditivas são aquelas relacionadas aos sons, ou à sua ausência, como silêncios, gritos e zumbidos:

Ex:O rondo dos motores era ensurdecedor naquela manhã de domingo...

É uma casa simples, isolada do mundo, cercada de silêncio por todos os lados.

Sensações Gustativas

O uso de palavras relacionadas ao gosto ou paladar também é muito utilizado, tanto em descrições objetivas como subjetivas. Nas descrições objetivas, costumam gerar no leitor reações instantâneas de água na boca ou nojo.

Ex:"Hummm! Leite condensado, caramelizado, com flocos crocantes e coberto com o delicioso chocolate Nestlé."

A comida estava azeda... Parecia que já estava na geladeira a dias.

"Sinto o gosto azedo de uma vida doce e amarga no final" (Pato Fu - Agridoce).

Sensações Olfativas

Assim como as sensações gustativas, as olfativas também são poderosas formas de fazer o leitor se sentir mais próximo da descrição:

Ex:Estava anoitecendo. Um cheirinho de chuva invadia nossos narizes.

Da pia exalava um odor fétido, semelhante ao cheiro de peixe podre.

Sensações Táteis

Sensações táteis são aquelas que podem ser percebidas através de um contato ou da própria pele. São sensações térmicas como o frio ou calor, ou ainda relacionadas à superfície de objetos, que podem ser, por exemplo, lisas ou ásperas.

Ex: Sua mão estava áspera como uma lixa, e fria como o mármore.

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sexta-feira, 13 de junho de 2008


Descrição- UNIDADE II (aula 1)
Caracteriza-se por ser um "retrato verbal" de pessoas, objetos, animais, sentimentos, cenas ou ambientes. Entretanto, uma descrição não se resume à enumeração pura e simples. O essencial é saber captar o traço distintivo, particular, o que diferencia aquele elemento descrito de todos os demais de sua espécie.
Os elementos mais importantes no processo de caracterização são os adjetivos e locuções adjetivas. Desta maneira, é possível construir a caracterização tanto no sentido denotativo quanto no conotativo, como forma de enriquecimento do texto.
Enquanto uma narração faz progredir uma história, a descrição consiste justamente em interrompê-la, detendo-se em um personagem, um objeto, um lugar, etc.
Elementos básicos de uma descrição

*nomear / identificar - dar existência ao elemento (diferenças e semelhanças)
*localizar / situar - determinar o lugar que o elemento ocupa no tempo e no espaço
*qualificar - testemunho do observador sobre os seres do mundo

A qualificação constitui a parte principal de uma descrição. Qualificar o elemento descrito é dar-lhe características, apresentar um julgamento sobre ele. A qualificação pode estar no campo objetivo ou no subjetivo. Uma forma muito comum de qualificação é a analogia, isto é, a aproximação pelo pensamento de dois elementos que pertencem a domínios distintos. Pode ser feita através de comparações ou metáforas.
Descrição subjetiva X Descrição objetiva
*objetiva - sem impressões do observador, tentando maior proximidade com o real.
*subjetiva - visão do observador através de juízos de valor.

No terreno objetivo temos:
1. as informações (dados do conhecimento do autor do texto: livro comprado em Lisboa)
2. as caracterizações (dados que estão no objeto de descrição: livro vermelho).
Já no subjetivo temos:
1.qualificações (impressões subjetivas sobre o ser ou objeto: livro interessante).
OBS: O ideal é que uma descrição possa fundir a objetividade, necessária para a "pintura" ser a mais verídica possível, e a subjetividade que torna o texto bem mais interessante e agradável. Sendo assim, a descrição deve ir além do simples "retrato", deve apresentar também uma interpretação do autor a respeito daquilo que descreve.
*RECURSO ESTILÍSTICOS DA DESCRIÇÃO*
1.METÁFORA

É o emprego de uma palavra com o significado de outra em vista de uma relação de semelhanças entre ambas. É uma comparação subentendida.

Exemplo:

Minha boca é um tumulo.

Essa rua é um verdadeiro deserto.

2.COMPARAÇÃO

Consiste em atribuir características de um ser a outro, em virtude de uma determinada semelhança.

Exemplo:

O meu coração está igual a um céu cinzento.

O carro dele é rápido como um avião.

3.PROSOPOPÉIA

É uma figura de linguagem que atribui características humanas a seres inanimados. Também podemos chamá-la de PERSONIFICAÇÃO.

Exemplo:

O céu está mostrando sua face mais bela.

O cão mostrou grande sisudez.

4.SINESTESIA

Consiste na fusão de impressões sensoriais diferentes.

Exemplo:

Raquel tem um olhar frio, desesperador.
Aquela criança tem um olhar tão doce.
5.HIPÉRBOLE

É um exagero intencional com a finalidade de tornar mais expressiva a idéia.

Exemplo:

Ela chorou rios de lágrimas.

Muitas pessoas morriam de medo da perna cabeluda.
6.CATACRESE

É uma metáfora desgastada, tão usual que já não percebemos. Assim, a catacrese é o emprego de uma palavra no sentido figurado por falta de um termo próprio.

Exemplo:

O menino quebrou o braço da cadeira.

A manga da camisa rasgou.
7.ONOMATOPÉIA

Consiste na reprodução ou imitação do som ou voz natural dos seres.

Exemplo:
Com o au-au dos cachorros, os gatos desapareceram.

Miau-miau. – Eram os gatos miando no telhado a noite toda.
8.PLEONASMO

Consiste na intensificação de um termo através da sua repetição, reforçando seu significado.

Exemplo:

Nós cantamos um canto glorioso.
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UFBA / UFRB – 2007 –

A cachorra Baleia estava para morrer. Tinha emagrecido, o pêlo caíra-lhe em vários pontos, as costelas avultavam num fundo róseo, onde manchas escuras supuravam e sangravam, cobertas de moscas. As chagas da boca e a inchação dos beiços dificultavam-lhe a comida e a bebida.

Por isso Fabiano imaginara que ela estivesse com um princípio de hidrofobia e amarrara-lhe no pescoço um rosário de sabugos de milho queimados. Mas Baleia, sempre de mal a pior, roçava-se nas estacas do curral ou metia-se no mato, impaciente, enxotava os mosquitos sacudindo as orelhas murchas, agitando a cauda pelada e curta, grossa na base, cheia de moscas, semelhante a uma cauda de cascavel.

Então Fabiano resolveu matá-la.

[…]

Sinha Vitória fechou-se na camarinha, rebocando os meninos assustados, que adivinhavam desgraça e não se cansavam de repetir a mesma pergunta:

— Vão bulir com a Baleia?

[…]

Ela era como uma pessoa da família: brincavam juntos os três, para bem dizer não se diferençavam, rebolavam na areia do rio e no estrume fofo que ia subindo, ameaçava cobrir o chiqueiro das cabras.

Quiseram mexer na taramela e abrir a porta, mas sinha Vitória levou-os para a cama de varas, deitou-os e esforçou -se por tapar-lhes os ouvidos: prendeu a cabeça do mais velho entre as coxas e espalmou as mãos nas orelhas do segundo. Como os pequenos resistissem, aperreou-se e tratou de subjugá-los, resmungando com energia.

Ela também tinha o coração pesado, mas resignava-se: naturalmente a decisão de

Fabiano era necessária e justa. Pobre da Baleia.

[…]

Na luta que travou para segurar de novo o filho rebelde, zangou-se de verdade.

Safadinho. Atirou um cocorote ao crânio enrolado na coberta vermelha e na saia de

ramagens.

Pouco a pouco a cólera diminuiu, e sinha Vitória, embalando as crianças, enjoou-se da cadela achacada, gargarejou muxoxos e nomes feios. Bicho nojento, babão.

Inconveniência deixar cachorro doido solto em casa. Mas compreendia que estava sendo

severa demais, achava difícil Baleia endoidecer e lamentava que o marido não houvesse

esperado mais um dia para ver se realmente a execução era indispensável.

RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 74. ed. Rio de Janeiro: Record, 1998. p. 85-86. Sobre o fragmento, contextualizado na obra, é correto afirmar:

(01) O primeiro e o segundo parágrafos contêm argumentos que justificam a decisão a ser tomada em relação a Baleia.

(02) Fabiano demonstra cuidados com Baleia, apesar de ser o seu algoz.

(04) O comportamento de sinha Vitória caracteriza-a como a mãe protetora, zelosa do bem-estar de seus filhos.

(08) O poder de decisão do chefe de família no ambiente rural fica evidente no texto.

(16) Sinha Vitória, ao aceitar passivamente a decisão do marido no que se refere a Baleia, demonstra ser indiferente ao animal e preocupar-se exclusivamente com seus filhos.

(32) A decisão de matar Baleia deixa patente o temperamento agressivo de Fabiano.

(64) A palavra “Mas”, no último parágrafo, antecede uma explicação do conflito entre razão e emoção vivido por sinha Vitória.

UFBA 2006

Os meninos sumiam-se numa curva do caminho. Fabiano adiantou-se para alcançá-los. Era preciso aproveitar a disposição deles, deixar que andassem à vontade. Sinha Vitória acompanhou o marido, chegou-se aos filhos. Dobrando o cotovelo da estrada, Fabiano sentia distanciar-se um pouco dos lugares onde tinha vivido alguns anos; o patrão, o soldado amarelo e a cachorra Baleia esmoreceram no seu espírito.

E a conversa recomeçou. Agora Fabiano estava meio otimista. Endireitou o saco da comida, examinou o rosto carnudo e as pernas grossas da mulher. Bem. Desejou fumar. Como segurava a boca do saco e a coronha da espingarda, não pôde realizar o desejo. Temeu arriar, não prosseguir na caminhada. Continuou a tagarelar, agitando a cabeça para afugentar uma nuvem que, vista de perto, escondia o patrão, o soldado amarelo e a cachorra Baleia. Os pés calosos, duros como cascos, metidos em alpercatas novas, caminhariam meses. Ou não caminhariam? Sinha Vitória achou que sim. […] Por que haveriam de ser sempre desgraçados, fugindo no mato como bichos?

Com certeza existiam no mundo coisas extraordinárias. Podiam viver escondidos, como bichos? Fabiano respondeu que não podiam.

–– O mundo é grande.

Realmente para eles era bem pequeno, mas afirmavam que era grande –– e marchavam, meio confiados, meio inquietos. Olharam os meninos que olhavam os montes distantes, onde havia seres misteriosos. Em que estariam pensando? zumbiu sinha Vitória. Fabiano estranhou a pergunta e rosnou uma objeção. Menino é bicho miúdo, não pensa. Mas sinha Vitória renovou a pergunta –– e a certeza do marido abalou-se. Ela devia ter razão. Tinha sempre razão. Agora desejava saber que iriam fazer os filhos quando crescessem.

–– Vaquejar, opinou Fabiano.

Sinha Vitória, com uma careta enjoada, balançou a cabeça negativamente, arriscando-se a derrubar o baú de folha. Nossa Senhora os livrasse de semelhante desgraça. Vaquejar, que idéia! Chegariam a uma terra distante, esqueceriam a catinga onde havia montes baixos, cascalhos, rios secos, espinhos, urubus, bichos morrendo, gente morrendo. Não voltariam nunca mais, resistiriam à saudade que ataca os sertanejos na mata. Então eles eram bois para morrer tristes por falta de espinhos? Fixar-se-iam muito longe, adotariam costumes diferentes.

RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 71. ed. Rio de Janeiro: Record, 1996. p. 120-122. A análise do fragmento, contextualizado no romance Vidas Secas, permite afirmar:

(01) Fabiano considera necessária a imersão das crianças no mundo convencional para apreendê-lo e, assim, libertá-las das condições socioculturais vividas.

(02) Sinha Vitória não se submete às expectativas sociais dominantes, contudo vislumbra um retorno às trivialidades da sua vida social da infância.

(04) O conjunto de personagens da trama simboliza, alegoricamente, os heróicos seres que sonham em reformar a sociedade agrária brasileira à custa da luta armada.

(08) Fabiano e sinha Vitória configuram um tipo de ser que vive reiterando ações, sem nada acrescentar a seu processo de crescimento humano.

(16) Fabiano constitui uma metáfora de ser humano derrotado, que sofre as conseqüências das estruturas vigentes e não consegue impor seus pontos de vista.

(32) A narrativa como um todo retrata um espaço em que a imutabilidade social e o abismo entre povo e governo são incontestáveis.

(64) A interação entre humanos e inumanos na narrativa explica a descontinuidade das ações narradas.

UFBA 2005

Recordou-se do que lhe sucedera anos atrás, antes da seca, longe. Num dia de apuro recorrera ao porco magro que não queria engordar no chiqueiro e estava reservado às despesas do Natal: matara-o antes de tempo e fora vendê-lo na cidade. Mas o cobrador da prefeitura chegara com o recibo e atrapalhara-o. Fabiano fingira-se desentendido: não compreendia nada, era bruto. Como o outro lhe explicasse que, para vender o porco, devia pagar imposto, tentara convencê-lo de que ali não havia porco, havia quartos de porco, pedaços de carne. O agente se aborrecera, insultara-o e Fabiano se encolhera. Bem, bem. Deus o livrasse de história com o governo. Julgava que podia dispor dos seus troços. Não entendia de imposto.

Um bruto, está percebendo?

Supunha que o cevado era dele. Agora se a prefeitura tinha uma parte, estava acabado. Pois ia voltar para casa e comer a carne. Podia comer a carne? Podia ou não podia? O funcionário batera o pé agastado e Fabiano se desculpara, o chapéu de couro na mão, o espinhaço curvo:

Quem foi que disse que eu queria brigar? O melhor é a gente acabar com isso.

Despedira-se, metera a carne no saco e fora vendê-la noutra rua, escondido. Mas, atracado pelo cobrador, gemera no imposto e na multa. Daquele dia em diante não criara mais porcos. Era perigoso criá-los.

[…]

Se pudesse mudar-se, gritaria bem alto que o roubavam. Aparentemente resignado, sentia um ódio imenso a qualquer coisa que era ao mesmo tempo a campina seca, o patrão, os soldados e os agentes da prefeitura. Tudo na verdade era contra ele. Estava acostumado, tinha a casca muito grossa, mas às vezes se arreliava. Não havia paciência que suportasse tanta coisa.

RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 71. ed. Rio de Janeiro: Record, 1996. p. 94-96. O fragmento, contextualizado na obra, apresenta

(01) as contradições de um poder público descumpridor do seu papel social.

(02) a ação deformadora do ser humano em face às transformações do sistema.

(04) um ser humano que oscila entre a resignação e a revolta, na luta pela sobrevivência.

(08) um ser sonhador, na busca obsessiva do sucesso, em um momento de confronto com as forças adversas que infestam os centros urbanos.

(16) um momento de colisão entre o protagonista e o antagonista, definidor de um final dramático para a família do retirante.

(32) duas personagens em confronto, que não abrem mão dos seus princípios e que simbolizam indivíduos isolados por causa de suas convicções arcaicas.

(64) a personagem Fabiano frustrada em suas expectativas e, por isso, praticando uma ação que contradiz sua postura habitual, a sua personalidade.

GABARITO:

2007 - 01,02,04,08,64

2006 - 08,16,32

2005 - 01,04,64

Vidas Secas

1.Em Vidas Secas, após ter vencido as dificuldades, postas no início da narrativa, Fabiano afirma: “Fabiano, você é um homem...”. Corrige-se logo depois: “Você é um bicho, Fabiano”. Em seguida, encontrando-se com a cadelinha, diz: “Você é um bicho, Baleia”.

Ao chamar a si mesmo e a Baleia de “bicho”, Fabiano estabelece uma identificação com ela. Na leitura de Vidas Secas, podem-se perceber vários motivos para essa identificação. Cite dois desses motivos.

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2. Agora Fabiano era vaqueiro e, ninguém o tiraria dali. Aparecera como um bicho, entocara-se como um bicho, mas criara raízes, estava plantado[...] Chape-chape. As alpercatas batiam no chão rachado.

O corpo do vaqueiro derreava-se, as pernas faziam dois arcos, os braços moviam-se desengonçados. Parecia um macaco.( Graciliano Ramos)

Em “criara raízes, estava plantado’’, chape-chape’’ e “parecia um macaco”, tem-se, respectivamente:

a) hipérbole, pleonasmo e hipérbole

b) catacrese, sinestesia e sinestesia

c) catacrese, sinestesia e prosopopéia

d) metáfora, sinestesia e hipérbole

e) metáfora, onomatopéia e comparação.

Texto I

Agora Fabiano conseguia arranjar as idéias. O que o segurava era a família. Vivia preso como um novilho amarrado ao mourão, suportando ferro quente. Se não fosse isso, um soldado amarelo não lhe pisava o pé não. (...) Tinha aqueles cambões pendurados ao pescoço. Deveria continuar a arrastá-los? Sinhá Vitória dormia mal na cama de varas. Os meninos eram uns brutos, como o pai. Quando crescessem, guardariam as reses de um patrão invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por um soldado amarelo.

Graciliano Ramos. Vidas Secas. São Paulo: Martins. 23ª- ed., 1969, p. 75.

Texto II

Para Graciliano, o roceiro pobre é um outro, enigmático, impermeável. Não há solução fácil para uma tentativa de incorporação dessa figura no campo da ficção. É lidando com o impasse, ao invés de fáceis soluções, que Graciliano vais criar Vidas Secas, elaborando uma linguagem, uma estrutura romanesca, uma constituição de narrador em que narrador e criaturas se tocam, mas não se identificam. Em grande medida, o debate acontece porque, para a intelectualidade brasileira naquele momento, o pobre, a despeito de aparecer

idealizado em certos aspectos, ainda é visto como um ser humano de segunda categoria, simples demais, incapaz de ter pensamentos demasiadamente complexos. O que Vidas Secas faz é, com pretenso não envolvimento da voz que controla a narrativa, dar conta de uma riqueza humana de que essas pessoas seriam plenamente capazes.

Luís Bueno. Guimarães, Clarice e antes. In: Teresa. São Paulo: USP, nº- 2, 2001, p. 254.

A partir do trecho de Vidas Secas (texto I) e das informações do texto II, relativas às concepções artísticas do romance social de 1930, avalie as seguintes afirmativas.

I. O pobre, antes tratado de forma exótica e folclórica pelo regionalismo pitoresco, transforma-se em protagonista privilegiado do romance social de 30.

II. A incorporação do pobre e de outros marginalizados indica a tendência da ficção brasileira da década de 30 de tentar superar a grande distância entre o intelectual e as camadas populares.

III. Graciliano Ramos e os demais autores da década de 30 conseguiram, com suas obras, modificar a posição social do sertanejo na realidade nacional.

É correto apenas o que se afirma em

A) I.

B) II.

C) III.

D) I e II.

E) II e III.

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quinta-feira, 12 de junho de 2008



“ A maior aventura de um ser humano é viajar, e a maior viagem que alguém pode empreender, é para dentro de si mesmo. E o modo mais emocionante de a realizar é lendo um livro, pois um livro revela que a vida é o maior de todos os livros, mas é pouco útil para quem não souber ler nas entrelinhas e descobrir o que as palavras não disseram:
No fundo, o leitor é o autor da sua história…”

Augusto Cury
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TROVADORISMO

Queixa

Caetano Veloso

Composição: N.Siqueira / E. Neves

Um amor assim delicado
Você pega e despreza
Não devia ter despertado
Ajoelha e não reza

Dessa coisa que mete medo
Pela sua grandeza
Não sou o único culpado
Disso eu tenho a certeza

Princesa, surpresa, você me arrasou
Serpente, nem sente que me envenenou
Senhora, e agora, me diga onde eu vou
Senhora, serpente, princesa

Um amor assim violento
Quando torna-se mágoa
É o avesso de um sentimento
Oceano sem água

Ondas, desejos de vingança
Dessa desnatureza
Bateu forte sem esperança
Contra a tua dureza

Princesa, surpresa, você me arrasou
Serpente, nem sente que me envenenou
Senhora, e agora, me diga onde eu vou
Senhora, serpente, princesa

Um amor assim delicado
Nenhum homem daria
Talvez tenha sido pecado
Apostar na alegria

Você pensa que eu tenho tudo
E vazio me deixa
Mas Deus não quer que eu fique mudo
E eu te grito esta queixa

Princesa, surpresa, você me arrasou
Serpente, nem sente que me envenenou
Senhora, e agora, me diga onde eu vou
Senhora, serpente, princesa


1. O poema que você leu contém uma confissão amorosa, uma declaração de amor.

a) Como se pode classificar o eu-lírico desse poema? Em que posição ele se coloca em relação à sua amada? Fundamente sua resposta com elementos retirados do texto.

b) Que visão da mulher se pode depreender nesse poema? Fundamente sua resposta com elementos retirados do texto.

2. Pode-se perceber, ao longo do texto, o sofrimento do eu-lírico por sua amada.

a) Transcreva, do poema, um verso em que se evidencie a "coita d'amor".

b) Transcreva uma expressão que o poeta tenha usado para referir-se à amada, na qual se possa identificar o sentimento cortês, cavalheiresco.

"Para adquirir conhecimento, é preciso estudar; mas para adquirir sabedoria, é preciso observar." (Marilyn vos Savant)

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Na frase:

"São Paulo tem 450 anos de história para você contar."

1.A intenção é convencer o leitor a

(A) escrever uma história sobre a cidade de São Paulo.
(B) contar todas as histórias de São Paulo.
(C) relatar o que ocorreu nos 450 anos de São Paulo.
(D) narrar como será a festa de 450 anos de São Paulo.

2. A finalidade desta propaganda é divulgar

(A) a biblioteca Mário de Andrade.
(B) um concurso de Crônicas sobre a cidade de São Paulo.
(C) as linhas de trem como forma de melhorar o trânsito da cidade.
(D) as viagens que você poderá fazer para Portugal, Salvador e Rio de Janeiro.

3. Há bom humor na propaganda ao apresentar

(A) a frase "tirar seu talento da gaveta e colocar no papel".
(B) o rosto de Mário de Andrade na forma de uma lâmpada.
(C) trens para passear por São Paulo.
(D) viagens a Portugal, Salvador e Rio de Janeiro, como prêmio.

4. A propaganda usa de linguagem figurada em:

(A) "A cidade é a sua inspiração".
(B) "... você pode ganhar viagens a Portugal, Salvador, Rio de Janeiro".
(C) "Escreva uma crônica e participe".
(D) "Imaginação não fica presa em engarrafamento".



COLÉGIO ESTADUAL DEPUTADO MANOEL NOVAES

DATA:________/_____________/________________

PROF. JANUZA – 3º ANO- ENSINO MÉDIO

ALUNO:______________________________________ - VALOR = 4,0

1º AVALIAÇÃO DE REDAÇÃO – UNIDADE I

"Se o conhecimento pode criar problemas, não é através da ignorância que podemos solucioná-los."
(Isaac Asimov)

"O incidente que se vai narrar, e de que Antares foi teatro na sexta-feira 13 de dezembro do

ano de 1963, tornou essa localidade conhecida e de certo modo famosa da noite para o dia. (...)

Bem, mas não convém antecipar fatos nem ditos. Melhor será contar primeiro, de maneira

tão sucinta e imparcial quanto possível, a história de Antares e de seus habitantes, para que se

possa ter uma idéia mais clara do palco, do cenário e principalmente da personagens

principais, bem como da comparsaria, desse drama talvez inédito nos anais da espécie

humana." (Érico Veríssimo)

1. Assinale a alternativa que evidencia o papel do narrador no fragmento acima:

a) O narrador tem senso prático, utilitário e quer transmitir uma experiência pessoal.

b) É um narrador introspectivo, que relata experiências que aconteceram no passado, em 1963.

c) Em atitude semelhante à de um jornalista ou de um espectador, escreve para narrar o que aconteceu

com x ou y em tal lugar ou tal hora.

d) Fala de maneira exemplar ao leitor, porque considera sua visão a mais correta.

e) É um narrador neutro, que não deixa o leitor perceber sua presença.

2. (UNIFENAS) Com base no texto abaixo, indique a alternativa cujo elemento estruturador da narrativa não foi interposto no episódio:

"Porque não quis pagar uma garrafa de cerveja, Pedro da Silva, pedreiro, de trinta anos,

residente na rua Xavier, 25, Penha, matou ontem em Vigário Geral, o seu colega Joaquim de

Oliveira."

a) o lugar

b) a época

c) as personagens

d) o fato

e) o modo

3. (FUVEST) A narração dos acontecimentos com que o leitor se defronta no romance Dom Casmurro, de

Machado de Assis, se faz em primeira pessoa, portanto, do ponto de vista da personagem Bentinho.

Seria, pois, correto dizer que ela se apresenta:

a) fiel aos fatos e perfeitamente adequada à realidade;

b) viciada pela perspectiva unilateral assumida pelo narrador;

c) perturbada pela interferência de Capitu que acaba por guiar o narrador;

d) isenta de quaisquer formas de interferência, pois visa à verdade;

e) indecisa entre o relato dos fatos e a impossibilidade de ordená-los.

4.Com relação a Vidas secas, de Graciliano Ramos é correto afirmar:

a) Fabiano é um personagem caricatural.

b)Baleia foi antropomorfizada pelo autor ao longo da narrativa.

c)A história se desenvolve na zona urbana.

d)Sinhá Vitória é uma personagem esférica.

e)N.D.A.

(FUNDAÇÃO CESGRANRIO – CONCURSO DO MINISTÉRIO DA DEFESA)

Viagem

Que emoção, leitor! A crônica que ocuparia este espaço já estava pronta quando, folheando uma velha edição de A Cidade e a Roça, de Rubem Braga, dei de cara com aquele que, na minha mitologia íntima, foi o o primeiro texto que me emocionou de fato!

Eu devia ter uns dez anos e entrara na moda a Matemática Moderna e a Interpretação de Textos - dois avanços pedagógicos que pais e alunos olharam com desconfiança porque, no fundo, sabíamos, vinham abrir ainda mais o abismo de gerações que os separava.

Enfim, eu tinha nove, dez anos e eis que, numa prova de Português, surge o item já então inevitável: Interpretação de Texto. E, logo abaixo, seguia um bloco de letras intimidador que, no entanto, para minha surpresa, me acolheria com suas palavras talvez um pouco tristes, mas carregadas de amor e esperança. (Mais ou menos como, dizem, era o próprio Rubem: fechado e monolítico em aparência, mas com uma alma de navio...).

Falo em navio, mas era de avião que tratava o texto. Este texto. Sim, este - sobre uma curta viagem de avião de São Paulo ao Rio em que o autor enfrentara o mau tempo e o contava de um modo que o menino não sabia ainda nomear, mas que o comovia tão profundamente que naquele momento ele, o menino, já sentia que seria para sempre.(...)

Ah! Rubem... E mesmo ainda, quando céu e chão me faltam e vago, frio, por meus escuros, é em teu lirismo que busco abrigo, mesmo que ainda ele soe falso em mim como um casaco comprado de segunda mão, mas que insistimos em usar porque imaginamos que ele nos faz mais elegantes.(...)

(Antonio Caetano)-www.cafeimpresso.com.br

5. Sobre o texto, é correto afirmar:

a)era obrigatório constar interpretação de textos em livros didáticos.

b)o cronista retoma, de Rubem Braga, a referência à cultura mítica grega.

c)os avanços pedagógicos uniam, na incerteza, duas gerações.

d)a lembrança do texto supre a falta de inspiração do cronista.

e)a fonte textual era a edição original de A cidade e a roça.

6.O fragmento “quando céu e chão me faltam...”, fala de um momento em que o narrador:

a)não distingue o céu da terra.

b)não obtém abrigo no lugar de chegada.

c)tem sua auto-estima renovada.

d)vê que o lirismo não ilumina suas decisões.

e)sente-se inseguro e sem apoio.

7.Em “...vagos, frios, por meus escuros” , a expressão em destaque significa:

a)acontecimento diários ressoando falsidade.

b)caminhadas em noites tempestuosas.

c)períodos de angústia da existência.

d)insistência em percorrer caminhos perigosos.

e)viagens realizadas na escuridão da noite.

SUCESSO!

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Quem sou eu

Sou formada em Letras Vernáculas pela Universidade Católica do Salvador. Pós-graduada em Rh pela Faculdade Olga Metting. Minha paixão por redação me fez ensinar por muitos anos em algumas escolas e cursos pré-vestibulares(Colégio Resgate, Colégio Apoio, Colégio Drummond, Colégio Sigma ,Colégio Manoel Novaes). Prestei consultoria por alguns anos. A ideía do blog é compartilhar experiência com os meus amados alunos. Januza