INSTRUÇÃO: Leia os textos e trechos seguintes.
Texto 1
Samba do Approach
Venha provar meu brunch
Saiba que eu tenho approach
Na hora do lunch
Eu ando de ferryboat
Eu tenho savoir-faire
Meu temperamento é light
Minha casa é hi-tech
Toda hora rola um insight
Já fui fã do Jethro Tull
Hoje me amarro no Slash
Minha vida agora é cool
Meu passado é que foi trash
Fica ligada no link
Que eu vou confessar my love
Depois do décimo drink
Só um bom e velho Engov
Eu tirei o meu green card
E fui pra Miami Beach
Posso não ser pop star
Mas já sou um nouveau riche
Eu tenho sex appeal
Saca só meu background
Veloz como Damon Hill
Tenaz como Fittipaldi
Não dispenso um happy end
Quero jogar no dream team
De dia um macho man
E de noite drag queen.
(Zeca Baleiro. Perfil, CD 3105-2, Som Livre, 2003.)
Texto 2
A História nos ensina que uma das formas de dominação de um povo sobre outro se dá pela imposição da língua. Por quê? Porque é o modo mais eficiente, apesar de geralmente lento, para impor toda uma cultura – seus valores, tradições, costumes, inclusive o modelo socioeconômico e o regime político.
Foi assim no antigo oriente, no mundo greco-romano e na época dos grandes descobrimentos. E hoje, com a marcha acelerada da globalização, o fenômeno parece se repetir, claro que de modo não violento; ao contrário, dá-se de maneira insinuante, mas que não deixa de ser impertinente e insidiosa, o que o torna preocupante, sobretudo quando se manifesta de forma abusiva, muitas vezes enganosa, e até mesmo lesiva à
língua como patrimônio cultural.
De fato, estamos a assistir a uma verdadeira descaracterização da língua portuguesa, tal a invasão indiscriminada e desnecessária de estrangeirismos – como “holding”, “recall”, “franchise”, “coffe-break”, “self-service” – e de aportuguesamentos de gosto duvidoso, em geral despropositados – como
“startar”, “printar”, “bidar”, “atachar”, “database”. E isso vem ocorrendo com voracidade e rapidez tão espantosas que não é exagero supor que estamos na iminência de comprometer, quem sabe até truncar, a comunicação oral e escrita com o nosso homem simples do campo, não afeito às palavras e expressões
importadas, em geral do inglês norte-americano, que dominam o nosso cotidiano, sobretudo a produção, o consumo e a publicidade de bens, produtos e serviços, para não falar das palavras e expressões estrangeiras que nos chegam pela informática, pelos meios de comunicação de massa e pelos modismos em geral.
(Aldo Rebelo. Justificação ao Projeto de Lei 1676, de 1999,
que dispõe sobre a promoção, a defesa e o uso da
língua portuguesa, e dá outras providências.)
Texto 3
A lei do “rato”
Como poderia dizer o comunista autor da idéia, um espectroronda a liberdade de expressão. Seu nome é Lei Aldo Rebelo da Língua Portuguesa.
Apresentada em 1999, essa praga caminha lentamente, como um cupim. Sem que ninguém se dê conta, vai cavoucando seu caminho por dentro do Congresso. Aprovada no Senado, na quarta-feira passada passou por unanimidade na Comissão de Educação da Câmara.
Se essa aberração vingar, os meios de comunicação terão de seguir uma regra: “Toda palavra ou expressão escrita em língua estrangeira e destinada ao conhecimento público no Brasil virá acompanhada, em letra de igual destaque, do termo ou da expressão vernacular correspondente em língua portuguesa”.
Os jornais precisariam, em tese (essa lei não vai pegar), escrever “rato” entre parênteses depois de “mouse” para descrever o equipamento usado nos computadores. Haverá “sanções administrativas cabíveis” para quem descumprir as novas regras.
No fundo, a motivação de Rebelo é singela: “Tive uma idéia, vou fazer uma nova lei”. Há uma obsessão cartorial-católica-lusitana no Brasil pela regra escrita, carimbada.
Rebelo quer proteger o idioma. Tudo bem. Mas é inútil uma lei para isso. Bastaria o governo erradicar o analfabetismo e garantir escolas de qualidade. Aí, é claro, fica difícil.
(Fernando Rodrigues. Folha de S.Paulo, 1.o..09.2003.)
A língua portuguesa está em perigo, em virtude do uso indiscriminado de palavras estrangeiras? É fenômeno passageiro, sem conseqüências? À invasão dos vocábulos se seguirá a do próprio idioma estrangeiro, depois a de sua cultura e depois ainda a desse próprio país? Deve-se regulamentar o uso de palavras e expressões estrangeiras por meio de uma lei?
Deve-se deixar que o relacionamento entre a Língua Portuguesa e as demais línguas siga o curso natural ditado pelo relacionamento entre os povos?
Tomando por base, se achar necessário, os textos apresentados, bem como sua própria experiência pessoal a respeito, escreva uma redação em prosa, de gênero dissertativo,
sobre o tema:
OS ESTRANGEIRISMOS NA LÍNGUA PORTUGUESA.
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